Louvado sejas Tu, ó Senhor meu Deus! Todas as vezes que me vem a lembrança de Ti e me ponho a refletir nas Tuas virtudes, tal êxtase e enlevo se apoderam de mim que me vejo sem o poder de fazer menção do Teu nome e de Te louvar. Sou transportado a tais alturas que reconheço o meu próprio ser como idêntico à lembrança de Ti no Teu reino, e à essência do Teu louvor entre os Teus servos. Enquanto durar este ser, o Teu louvor continuará a difundir-se entre as Tuas criaturas e a Tua lembrança a ser glorificada pelo Teu povo.
Todo o homem dotado de perceção entre os Teus servos está convencido de que o meu próprio ser vive eternamente e jamais poderá perecer, desde que seja eterna a lembrança de Ti, durando enquanto durar o Teu próprio Ser, e for infindável o Teu louvor, permanecendo enquanto permanecer a Tua própria soberania. Por intermédio deste ser, Tu és glorificado por aqueles dos Teus eleitos que Te invocam e pelos sinceros dentre os Teus servos. Ainda mais, o louvor com que qualquer um na criação inteira Te louve, procede deste ser excelso e a ele regressa, assim como o sol enquanto brilha emite o seu esplendor sobre tudo o que se expõe aos seus raios. Desse sol é gerada e a ele há de regressar, a luz que se irradia sobre todas as coisas.
Elevado, imensuravelmente elevado és Tu, acima de qualquer tentativa de medir a grandeza da Tua Causa, acima de toda a comparação que se possa tentar, acima dos esforços da língua humana para expressar a sua significação! Desde a eternidade Tu existes, sem nenhum outro além de Ti, e por todo o sempre continuarás a permanecer o mesmo na sublimidade da Tua essência e nas inatingíveis alturas da Tua glória.
E ao determinares tornar-Te conhecido aos homens, revelaste sucessivamente os Manifestantes da Tua Causa, ordenando que cada um fosse sinal da Tua Revelação entre o Teu povo e a Aurora do Teu Ser invisível em meio às Tuas criaturas, até ao tempo em que, segundo o Teu decreto, todas as Revelações anteriores culminassem n’Aquele que Tu apontaste como o Senhor de todos os que estão no céu da revelação e no reino da existência, n’Aquele que Tu estabeleceste como o Senhor soberano de todos no céu e na terra. Ele foi Quem designaste Arauto da Tua Mais Grandiosa Revelação, o Anunciador da Tua Antiquíssima Glória. Nisso, outro desígnio não tiveste senão o de experimentar aqueles que manifestaram os Teus mais excelentes títulos a todos os que estão no céu e na terra. Ele foi Quem mandaste estabelecer o Seu convénio com todos os seres criados.
E quando veio o tempo predeterminado e a Tua promessa se cumpriu, Aquele que é o Possuidor de todos os Nomes e Atributos manifestou-se aos homens. Com isto, todos os que estavam nos céus e na terra pasmaram-se, salvo aqueles que Tu guardaste sob a Tua proteção e preservaste no abrigo do Teu poder e do Teu amoroso cuidado. Sucedeu-Lhe, nas mãos de Tuas criaturas que transgrediram contra Ti, aquilo que a língua de nenhum dos Teus servos pode contar.
Dirige-lhes, pois, ó meu Deus, o olhar da Tua terna misericórdia. Faze descer sobre Ele e sobre todos os que O amam, todo o bem por Ti ordenado no céu da Tua vontade e na Epístola do Teu decreto. Concede-lhes, então, a Tua ajuda, pois Tu és, em verdade, o Omnipotente, o Sublime, o Todo-Glorioso, o Predominante.